
Gostaria poder abraçar o mundo inteiro.
Gostaria de poder deitar na grama e sentir o sol.
Gostaria de sair correndo, assim, do nada.
E não parar nunca mais.
Sabe quando a gente se sente perdida no meio do nada? E não consegue tomar uma decisão? Pois é.
Saia hippie ou jeans?
Carne ou salada?
Computador ou livro?
Estudar ou dormir?
Escritora ou astronauta?
Casa ou apartamento?
Beijo ou pisada no pé?
Amigas ou distantes lembranças?
Brasil ou Alemanha?
Viver ou deixar passar?
Sinceramente, nem eu mesma me entendo. Num segundo estou feliz e de bem com o mundo. Respiro fundo e vou andando, sem ligar pra nada. E no segundo seguinte eu quero que tudo acabe logo, que o dia não demore a passar e eu possa voltar ao meu castelo feito de nuvens: os meus sonhos.
Sim, porque eu não tenho pesadelos. Tenho sonhos esquisitos e assustadores às vezes, mas não tenho pesadelos. Só que quando acordo percebo que tudo está acontecendo sem a minha interferência ou minha opnião. E aí fica tudo mais esquisito e mais assutador. Mas não é um pesadelo.
Laura, acorde. Laura, coma. Laura, estude. Faça esportes. Ligue para as suas amigas. Pense no seu futuro. Pare de reclamar. Cresça. Escreva no blog. Diga "por favor" e "obrigada". Escove os dentes. Apague a luz. Durma.
Em certos momentos eu não quero acordar, não quero pensar no futuro nem cuidar do presente. Não quero fazer nada.
O que a gente vive agora, a gente chama de vida. Mentira. Vida não é decorar capitais de países minúsculos ou fazer cálculos. Não é se apressar pra pegar o ônibus ou usar as roupas da moda. Vida também não é fazer o que a gente quer. Não, não. Vida não existe.
Será que eu estou exagerando? Será que
você acha que eu estou exagerando? Será que é só impressão? Uma impressão da realidade?
Estou ficando pra trás. Minhas colegas evoluem. Aprendem. Se tornam melhores do que eu. Vão longe. E eu vou ficar com saudade delas.
Minhas amigas do Brasil. Sinto saudade delas também. E por algum motivo também as odeio de vez enquando. Elas também evoluem. Elas tiram fotos e escrevem poesias. Elas saem com outras amigas pra tomar sorvete. Elas também se tornam melhores do que eu.
E eu tenho a impressão de que nunca vou crescer ou evoluir o bastante. As amigas virtuais tem suas próprias vidas. Nunca pude ouvir suas gargalhadas ou sentir seus abraços. Elas estão longe de mim. Todo mundo está longe de mim.
E eu não estou certa se gosto de ficar tão só.
Eu sei, eu sei. Parece complicado. Mas não é. É tão simples que eu até rio. Rio de mim. E rio tanto que lágrimas escorrem pelos olhos. Estamos todos rindo. E o mundo inteiro é uma bela droga. Ria também.