domingo, 10 de janeiro de 2010

Reflexos no escuro


Espelhos são objetos interessantes. Na maior parte do tempo, tudo o que eu vejo além da paisagem, são minhas mãos e vez ou outra, um fio de cabelo. Na frente do espelho eu me vejo como as pessoas me veem. Se não fosse por ele eu não saberia das minhas sardinhas, das minhas caretas horríveis, das minhas espinhas ou do sinal roxo num canto da minha boca que faz parecer que eu levei um soco nos beiços. Eu também não saberia definir o meu rosto, não saberia qual é a cor dos meus olhos e nem quando teria algo verde entre os dentes.

Mas há algo muito mais intrigante no espelho. Às vezes eu me vejo e não me reconheço. Não tem nada a ver com o fato de estar descabelada ou com muita maquiagem. É que é dífil acreditar que eu - aquela parte que pensa e sente e não tem nada a ver com a cor da pele ou o tamanho do nariz - sou realmente aquilo.

Quero dizer, e se eu fosse uma ruiva de cílios super longos e olhos verdes ou uma negra de lábios grossos? Será que faria alguma diferença? Eu mudaria o meu jeito de pensar ou tudo depende da maneira de como fui criada?

Não tenho a intenção de fazer um discurso sobre as semelhanças e diferenças da raça humana hoje, só pra deixar claro. Eu só quero entender a relação entre aquilo que você , e o que você é.

Então é assim que eu fico quando estou sorrindo? E essas orelhas, tão conhecidas, mas que sempre me parecem diferentes? Como a boca se move engraçado quando falamos limoeiro bem devagar. Se eu visse algum clone meu na rua, só que com outra cor de cabelo e pele e um pouco mais gorda, eu perceberia alguma coisa na hora?

Desvendar as profundidades do ser humano é uma tarefa para filósofos. Eu fecho meus olhos e vejo uma escuridão cheia de pontos brilhantes. Sei que a outra está fazendo a mesma coisa, mas não preciso vê-la pra saber que minhas sobrancelhas estão se unindo e minha boca, se espichando. Ela sou eu. A voz silenciosa que me diz isso também sou eu. Somos duas, ligadas por um par de olhos "meigos e atrevidos" que no momento estão observando as estrelas por dentro das pálpebras.

Nenhuma escuridão é completa, afinal.

8 comentários:

Unknown disse...

Olá amiga

Fiquei muito feliz com sua visita. Obrigada.

Beijo

Unknown disse...

Olá amiga

Adorei o texto.

Terça-feira, dia 12/01, farei uma viagem ao Chile e farei postagens diárias dos passeios.Ficarei encantada se me acompanhares nessa viagem.

Beijo

Hannah Sá disse...

adorei a descrição do perfil e resolvi dar uma olhada... ^^

pois é, espelhos são coisas estranhas, do outro lado, se me permite dizer... já parou para imaginar se não houvesse espelho - fotografia - televisão? que o que tivéssemos de reflexo fosse uma poça de água? o que será que mudaria na nossa sociedade?

Anônimo disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Maysa disse...

ola bem. gostei da sua ideia..
irei dar um jeitinho de interagir os dois..
mais continue sempre me deixando comentario..
e briagadinhoo pela visitinha.

Chris disse...

Lindo, lindo Laura!! A frase final entao e de uma profundidade sem tamanho! Juro! Nao estou falando com nenhuma intencao ironica.
E mesmo intrigante esse objeto.

Bjks

Tati disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Tati disse...

Encantada com seu texto, com sua escrita, com seus questionamentos. Adorei e quero voltar mais vezes. Também me questiono bastante sobre quem é essa pessoa que vejo hoje no espelho, e ainda procuro aquela que refletia uma imagem bem diferente há 10 anos atrás, e que pensava muito diferente do que penso hoje também. Será que ainda somos a mesma pessoa? É o outro lado da moeda...
Obrigada pelo texto, foi inpirador!
Beijo,
Tati.