terça-feira, 29 de julho de 2008

Vom selben Stern

Aqui estou eu, sem nada pra fazer xD

Ainda há pouco, ouvi uma música que eu adoro, se chama "Vom selben Stern" (da mesma estrela). Eu acho a letra tão legal, que resolvi arriscar a cair no ridículo, e traduzir com o meu péssimo alemão. Vamos lá? xD

Steh auf, zieh dich an
Levante, vista-se

Jetzt sind andere Geister dran
Agora é a vez dos outros fantasmas

Ich nehm’ den Schmez von dir
Eu vou curar você

Ich nehm’ den Schmez von dir
Eu vou curar você

Fenster auf, Musik ganz laut
Abra as janelas, aumente o volume

Das letzte Eis ist aufgetaut
O último sorvete já derreteu

Ich nehm’ den Schmez von dir
Eu vou curar você

Ich nehm’ den Schmez von dir
Eu vou curar você

*

Wir alle sind aus Sternenstaub
Nós todos viemos do pó das estrelas

In unseren Augen warmer Glanz
Nos nossos olhos, seu brilho queima

Wir sind noch immer nicht zebrochen
Nós ainda não estamos quebrados

Wir sind ganz
Nós somos um só

*

Du bist vom selben Stern
Você é da mesma estrela

Ich kann deinen Herzschlag hören
Eu posso ouvir as batidas do seu coração

Du bist vom selben Stern wie ich
Você é da mesma estrela que eu

Weil dich die gleiche Stimme lenkt
Por que você dirige a mesma voz

Und du am gleichen Faden hängst
E você pendura-a nos mesmo fios

Weil du das selbe denkst wie ich
Por que você pensa o mesmo que eu

*

Tanz duch dein Zimmer,
Dance pelo seu quarto,

Heb mal ab
Realce-se

Tanz duch die Straßen,
Dance pelas ruas,

Tanz duch die Stadt
Dance pela cidade

Ich nehm’ den Schmez von dir
Eu vou curar você

Ich nehm’ den Schmez von dir
Eu vou curar você

Lass und zusammen,
Deixe-nos juntos,

Unsere Bahnen ziehen
Puxar nossos trens (é, também não entendi essa)

Wir fliegen heute noch über Berlin
Nós ainda voaremos sobre Berlin hoje

Ich nehm’ den Schmez von dir
Eu vou curar você

Ich nehm’ den Schmez von dir
Eu vou curar você

*

Wir allen sind aus Sternenstaub
Nós todos viemos do pó das estrelas

In unseren Augen warmer Glanz
Nos nossos olhos, seu brilho queima

Wir sind noch immer nicht zerbrochen
Nós ainda não estamos quebrados

Wir sind ganz
Nós somos um só

*

Du bist vom selben Stern
Você é da mesma estrela

Ich kann deinen Herzschlag hören
Eu posso ouvir as batidas do seu coração

Du bist vom selben Stern wie ich
Você é da mesma estrela que eu

Weil dich die gleiche Stimmen lenkt
Por que você dirige a mesma voz

Und du am gleichen Faden hängst
E pendura-a nos mesmo fios

Weil du das selbe denkst wie ich
Por que você pensa o mesmo que eu

*

Ich nehm’ den Schmez von dir
Eu vou curar você

Keine Sorge, ich nehm’ den Schmez von dir
Não se preocupe, eu vou curar você



É linda né? Fica melhor, claro, quando você ouve. Algum dia eu ainda vou dar um jeito de colocar essa música no meu blog! Guardem as minhas palavras!! xD

sábado, 26 de julho de 2008

Assunto à toa

Vejamos, suponho que, quando vocês lerem isso, eu estarei dentro de um carro, bebendo suco de laranja daqueles que não têm nada de naturais, olhando a paisagem pela janela. O rádio vai estar tocando alguma música num estilo meio jazz, enquanto meu padrasto dirige e o meu irmão negocia com a minha mãe, alguma forma de ganhar mais um biscoito, ou um salgadinho.

Eu, nesse momento, devo estar olhando pro céu (raramente olho pra estrada em si). Talvez esteja num azul macio ou uma chuva fraca. De qualquer forma, parece que o tempo vai ser bom no dia da viagem.

Eu gosto de viajar. Gosto mesmo. Acho legal essa idéia se seres humanos se deslocando de um lugar para o outro. Prova que não somos árvores ou coisa do gênero. Um dos meus transportes favoritos é o barco. Enquanto a maioria das pessoas se sente enjoada com o balanço das águas, eu penso em algo como uma rede. Como aquelas que tinham na casa do meu pai.

Meu Deus, há quanto tempo eu não deito numa rede? Um ano, ou mais. Que saudade! Alguém aqui já dormiu em rede? É tão gostoso... você sente o seu corpo leve, flutuando em cima de um tapete voador, algo assim.
Não, eu não estou precisando de um psiquiatra! Eu simplesmente digo que uma boa rede pode ser comparada a um tapete do Aladdin, só isso.

Mas, onde eu estava mesmo? Ah, os barcos. Pois é, eu acho gostosa a sensação. E não é só pelo balanço, mas também pela proximidade da água. Não sei se o que os astrólogos dizem é verdade, mas como meu signo é Câncer, o meu elemento é a água. Eu gosto de estar perto dela (embora ache o céu mais fascinante). Talvez seja por isso que eu goste tanto de mar. É a mistura dos dois. Água salgada temperando a pele...sol no rosto...imensidão azul... só não me peçam pra sair nadando, contra as ondas. Isso não é muito lá...a minha praia.

Outro meio de transporte que eu gosto muito é um avião. Metade do motivo já está claro: voar, perfurar nuvens, olhar o chão-colcha-de-retalhos lá em baixo... a outra metade do motivo é que eu apenas gosto de estar nas alturas. Agradeço a Deus por não ter vertigem, nem medo de avião.
Isso sem falar na velocidade: basta voar por umas duas horas pra você aterrissar em outro planeta! Outro sotaque, outra cultura, outras roupas...eu adoro a diferença qie existe de um lugar pra outro, mesmo não sendo tão longe quanto parece!

Mas, ah, vou parar com esse post por que acho que já estou misturando tudo. Comecei a falar da minha viagem de carro, pra passar para redes e agora estou mencionando diferencas culturais! Minha nossa!
Então, minha gente, aqui no meu quartinho, no escuro (são umas 11 da noite já), vou continuar escrevendo outros textos, embora vocês só cheguem a ler uns dias depois! Então, até lá! o/

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Olhares


Um outro textinho sobre minha vida na Alemanha.

No seu livro, João Ribeiro dizia que sentia falta de olhares na rua. Quando chegava em casa, gostaria de saber se pelo menos uma vez, alguém o viu.
Sinceramente, pra mim a coisa é ao contrário.

Não sei se são minhas roupas, meu cabelo, ou minha imaginacão. Mas se eu não conferisse minha certidão de nascimento (nascida em Manaus, Amazonas, Brasil) podia jurar que sou um E.T..

Adoro o verão na Alemanha. É a única época do ano em que eu me sinto mais em casa, mais perto dos trópicos. Qualquer brasileira decente sabe combinar as coloridas pecas dessa estacão. E aqui na Alemanha, as meninas adoram variar ainda mais. Outro dia vi uma com cabelo verde, mas disso eu falo depois.
O fato é que, eu me visto relativamente bem, e minha mãe até já me elogiou porque o vestido realmente combinava com aquela calca e as meias coloridas.
O que eu estou querendo dizer é que, não sou lá uma aberracão da moda. Então, qual é o motivo pra tantos olhares?

Eu sou bem tímida. Apesar da minha fama de „louca da família“, eu não gosto de ser o centro das atencões. Então, às vezes, isso incomoda um pouco.
Minha mãe fala que é bobagem minha. Eu não chamo atencão assim. Isso é até vaidade. Mas se ela mesma já se vê cercada de olhares quando vai passear, quem é a vaidosa aqui, hã?

Se bem que...não quero que me chamem de reclamona. Isso não é de todo mal. É até divertido ver que, mesmo as meninas mais maquiadas e com roupas de marca, aprovam o meu jeito hippie de ser. Isso faz um bem danado pra auto-estima...!

PS: Texto super curto né? Não estou lá muito inspirada hoje... -_-"

PS2: VIU CAROL?? TEM UM EMOTICON ALI!! \o/

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Olha só o que eu achei

Eu estava aqui na minha, visitando os blogs e fazendo os comentários de sempre. Quando passei no blog da Carol, achei uma coisa, decididamente, interessante.

Querem ver? Lá vai:



Bom, ela passou isso pra mim e outras 4 pessoas. Eu acho que devo fazer o mesmo né?

Então vai as imagens vão pra...hm...talvez...(ah, todo mundo já tem!)
Não, peraí! Pra Amanda!!!

A Amanda fez um blog! Gente, fiquei tão feliz com essa notícia! Agora ela já faz parte da casa! (né Carol?)
Acho até que é meio "maldade" falar pra ela colocar essas imagens assustadoras (o_o) bem no comecinho da carreira de bloguista...mas fazer o que né? Palavra da Laura é lei! u.uv

Bem-vinda Amanda! Você vai adorar a nossa modesta casinha cheia de quartos /o/
Quando a gente vai fazer uma festa do pijama?

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Cigarros


Nós somos 17 alunos lá na minha sala. E 4 já fumam.
O que isso significa? 1/4 das pessoas com quem eu convivo todos os dias, que eu digo "Guten Morgen!", que eu vi ficar triste ou feliz por causa da nota de um teste, que eu descobri algumas manhas e manias...enfim: um quarto dos meus colegas fumam.

Nos meus primeiros dias aqui na Alemanha, eu já tinha notado que muitas pessoas aqui fumam. Assim como a França, na Suíça... Muitos jovens europeus geralmente estão com um cigarro na boca. Muitos adultos também. Por muitas vezes, eu vi o processos de criar um cigarro. Um papelzinho especial, umas ervas (drogas), uma maneira prática de misturar aquilo tudo e enrolar, uma lambida rápida do papel para fechá-lo - assim como cartas - e pronto. Mais um objeto que infecta o oxigênio e os pulmões alheios está feito.

Eu não entendo isso. Por que as pessoas fumam? Quem foi a (desculpa pela expressão) MALDITA pessoa que inventou os cigarros? Por que que eles não veêm o mal disso?
Meu avô paterno fumava, meu pai fuma, meu padrasto fumava, mas já parou, o padrasto da minha mãe fuma, muitos amigos e amigas adultos e adolescentes também.
E todos eles sabem muito bem o mal que isso faz.
Por que, então, continuar, gente?

Por que?

Deixa eu falar um pouco mais sobre esses meus quatro colegas de aula. Dois meninos e duas meninas. Uma delas é uma doida de pedra, que nunca vai pra aula e até hoje, seus maiores avanços na língua alemã, foi aprender a falar "sim" e "não" nas horas certas. Sabem do que mais? Ela me dá medo. A outra, (desculpe de novo pela expressão) é uma vadia que já teve seus cento e tantos namorados, engravidou e abortou. Um dos meninos é um iraquiano que vive falando no meio da aula, tem uma orelha maior que outra e nunca faz dever de casa. O quarto, um que eu descobri que fumava ontem, se chama Jimmy.

Ele é resmungão, irritante, chato, e faz de tudo pra chamar a atenção.
Mas precisava chegar a esse ponto?
Ah Jimmy, Jimmy...como você é idiota, viu?! Du Scheisskopf.
A primeira coisa que ele disse quando me viu foi: "não conta nada pro professor, Laura, entendeu? Entendeu??" Com aquela maneira grosseira dele de sempre.

Ah, queridinho, você que se sufoque com a fumaça. O problema é todo seu. Foi a sua escolha...só sua.
Mas nada me impede de contar pra quem tenha o interesse de ouvir, de ler, não é?

Outros dois colegas nossos estavam andando com ele. Elas nos disseram que o Jimmy começou a fumar há duas semanas. Quando eu perguntei se eles também faziam isso,a resposta foi: "não, claro que não! Eu nunca coloquei um cigarro na boca em toda a minha vida!"

Se são assim tão instruídos, a ponto de saber que isso é ruim, por que não tentaram impêdi-lo? De raio de amigos são esses?
Desse jeito, vão acabar "contaminados" também.

As minhas amigas (estávamos todos na rua, esperando o ônibus chegar, a aula já tinha acabado) disseram pro Jimmy largar aquela...aquela coisa. Pobres meninas. Mesmo se ele apagasse um cigarro, haveriam outros no seu bolso. Muitos outros.

Enfim, nós fomos embora e o largamos lá. Com seus cigarros e seus amigos igualmente burros.
Como tínhamos tido uma aula livre, e ainda era cedo, resolvemos dar uma olhada nas lojas (agora está tudo em promoção!!).

Eu via todas aquelas montoeiras de roupas coloridas que as meninas experimentavam, trocavam, desistiam de comprar... Mas só enxergava o Jimmy. E ele tentando acender o isqueiro, na ventania que estava lá fora. Imaginei qual seria, afinal, aquela sensação, e sem que eu pudessem me controlar, me imaginei com um cigarro na boca. Vi a fumaça subindo pelos meus ombros. Feito incenso. Vi que eu de repente ficava popular entre os alunos da nona série, do segundo grau. E depois eu vi uma mulher jovem, mas com uma aparência muito mais envelhecida do que deveria, com cabelos escuros e ondulados presos numa touca, deitada numa cama de hospital, desmaiada. Havia uma pequena placa ao lado dela que dizia qual era o problema: câncer de pulmão.

E foi nessa hora que eu, digamos, "acordei" dos meus devaneios. Me senti mal. Sentei num dos bancos da loja e apoiei a cabeça numa das mãos. Quase tive vontade de chorar. Quase.
A Elisabeth (uma amiga) me viu e foi até mim, perguntando se estava tudo bem. Eu estava meio branca demais pra época do ano. Eu disse que estava tudo bem, e só tava pensando no que tinha acontecido há meia hora. Ela fez uma careta.
-Cara! Esquece essa história! Você tá a fim do Jimmy ou o quê??

Quase caí na gargalhada. Não. Sem dúvida nenhuma eu não estava a fim do Jimmy. Eu estava pensando apenas como a nossa geração pode ser tão fraca, tão indefesa. Eu só imaginei que, talvez, todos esses iniciantes a fumantes nesse mundo só fossem crianças grandes que tinham se soltado agora da saia da mãe e eram apenas inseguros para com o mundo lá fora. Que apenas queriam ser aceitos por aquilo que julgavam bom o bastante pra eles. E que tinham esquecido que ainda são jovens, e não entendem nada de burocracia ou Direito, pra julgar algo. Talvez todas essas pessoas só precisassem de um pouco de carinho. E um exemplo melhor.

E como diria uma música dos Titãs, que agora eu esqueci o nome: "A melhor forma de curar o vício...é no início".
Pois é gente. Pois é.

Mas é claro que eu não disse nada disso pra ela. Apenas mostrei a língua (o nosso código-secreto, significando que o tudo é uma grande porcaria) e falei que eu achei estranho um colega nosso que ao menos parecia ter um cérebro debaixo daquele cabelo espetado ridículo ter sido tão fraco e idiota. O Jimmy me pareceu mais velho com a fumaça saindo pelas suas narinas. Mais velho não. Apenas velho. Eu pensei ter visto rugas naquele rosto.

A Elisabeth balançou a cabeça. "Sim, sim, entendi".
Mas ela não tinha entendido nada.

Íamos conversar mais, só que nessa hora a Phoebe (outra amiga) chegou trazendo uma blusa que eu adorava e estava procurando há um tempão. Uma azul-céu, com manchas brancas. Como se fossem nuvens.
E o melhor de tudo: foi apenas 3 pratas! Eu amo as promoções na Alemanha!!

As outras meninas gostaram tanto, que cada uma comprou uma blusa pra si (elas são estranhas, eu sei). Ficou combinado: na sexta-feira vamos todas vestidas de céu e nuvens pra aula.
Vai ser um bom dia.

Só mais uma última notificação:
Eu nunca vou fumar.

Nunca.

terça-feira, 15 de julho de 2008

O ursinho de pelúcia


Pêlo marrom, olhos castanhos, três palmos de altura e sem boca pra sorrir. Esse foi o meu mais querido ursinho de pelúcia.
Não me lembro em que dia o ganhei. Dizem que foi no meu aniversário de dois anos, talvez três.
Quem me deu foi a minha singularíssima tia Gabriella. Eu ainda me lembro dela. Gostava muito dela. Tinha um temperamento meio explosivo e cativante. Tinha também umas discussões acumuladas com o resto da família, mas isso não me importava.
Posso até imaginar como deve ter sido o dia em que ela o comprou. Devia ser uma manhã de sol em Belo Horizonte, apesar do dito "inverno" que chega no fim de junho e vai até o comecinho de agosto. Ela talvez estivesse passeando com algum parente, quem sabe o seu irmão, o vô Ruy, ou alguma tia que eu ainda não conhecia. Aposto como ela andava com uma sacolinha de compras para presentear a sobrinha e passou por uma loja qualquer, quando viu o Cherri.

-Vai ser esse mesmo! - ela deve ter dito.

Apesar dos possíveis apelos, seja lá de que parente a acompanhava (pensa bem Gabriella, a menina já tem presentes o bastante...não é melhor deixar para o Natal?) a minha tia deve ter caminhado decidida até o interior da loja e comprado o que queria.

Também posso me imaginar abrindo as caixinhas e pacotes no dia 6 de julho daquele ano. Tenho certeza que adorava ir até BH nessa época. Assim como gosto até hoje.
Meus olhos devem ter brilhado ao ver a grande caixa/sacola/embrulho localizado a uma curta distância de mim. Imagino a minha mãe sorrido, juntamente com a tia Gabriella, ao me ver desembrulhar aquela fofa e imóvel criaturinha. Devo tê-lo abraçado umas vintes vezes antes de ir comer mais uma fatia de bolo, ou talvez um outro pão-de-queijo.

-Que nome você vai dar a ele? - perguntaria minha mãe, enquanto olhava o ursinho de pelúcia deitado ao meu lado na cama. Na hora de dormir.
-Não sei... - devo ter pensado alguns segundos, antes de lembrar de alguma conversa em que a tia Lila (minha querida madrinha e irmã da presenteadora) falava um pouco sobre a viagem à França que havia feito há muito tempo. Devo ter lembrado dela falar algumas coisas em outro idioma. Uma língua chique e complicada, recitada de biquinho. Conhecida internacionalmente como a língua do amor.
-Nina, minha chéri, você cozinha de uma forma explêndida às vezes!
-Ah, o que é isso dona Lila...
-Pode me chamar de tia Lila mesmo - sorriu. - E onde é que está a Laurinha, aquela docinho que é a sua filha?
-Eu não sou docinho tia! - diria uma menininha prestes a fazer aniversário, surgindo possivelmente de camisola.
-Ainda estava dormindo, filha? - reprovaria a mãe.
-O que é isso Nina...aqui em casa, a Laurinha pode dormir o quanto quiser. Não é cherrie?

Eu devo ter olhado para a minha mãe, depois para o urso, depois pensado naquelas duas irmãs, uma forte como pimenta. A outra doce como chocolate.
Não sei se aos dois/três anos eu já era tão esperta, mas aposto que se fosse, devo ter pensado naquela língua misteriosa e rômantica que sempre me cercava quando eu conversava com os moradores daquela casa. Anos depois (disso eu me lembro com clareza) pedia à tia Lila para falar um pouco de francês pra mim. Ela deu um sorriso triste e pediu desculpas. Já não se lembrava de praticamente nada. A bendita memória dessa velha senhora às vezes escapa, Laurinha. A única palavra que se lembrava naquele momento era cherrie. Ela apontou para o meu velho urso enconstado traquilamente em cima de uma estante. Duvido você advinhar por que, Laurinha.

-Eu gosto de Cherri, mãe.

Depois de um tempo, eu descobriria que "cherrie" significa o mesmo que "querida" em francês. Hoveu até uma pequena discussão sobre mudarmos o nome do meu brinquedo/amigo/travesseiro. Mas eu já estava decidida. Ele se chamaria Cherri para que eu nunca esquecesse do jeito engraçado que as minhas queridas tias falavam, quando alguém as perguntava como era Paris.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Maçãs

É, eu sei. Ando copiando e colando muitos textos que encontro por aí. Além de ser símbolo de falta de originalidade, não é nada bom pra minha futura carreira de escritora. Mas fazer o quê? Estou sem imaginação de novo.

Aqui vai um textinho beeem pequeno, mas interessante, que eu encontrei há mais de 2 anos, eu acho o.O

~Maçãs~

Mulheres são como maçãs em árvores.
As melhores estão no topo da árvore.
Muitos homens não querem alcançar essas boas,
porque eles têm medo de cair e se machucar.
Preferem pegar as maçãs podres que ficam no chão,
que não são tão boas como as do topo,
mas são fáceis de se conseguir.
Assim, as maçãs do topo pensam que algo está errado com elas,
quando na verdade ELES estão errados...
Elas têm que esperar um pouco para o homem certo chegar.
Aquele que é valente o bastante para escalar até o topo da árvore."




Viram? Eu disse que era bem pequeno... Mas tudo bem, acho que não faz mal dar um stop nos meus conjuntos enormes de frases né?

Mais uma coisa: estou lendo pela 4a vez, A Menina que Roubava Livros! A história é tão linda, que eu nunca enjoô! O escritor se chamar Markus Zusak, se não me engano. Livro altamente recomendado!

terça-feira, 8 de julho de 2008

Não julge um livro pela capa, ou uma pessoa pelo penteado

Um pequeno texto sobre um dos meus primeiros dias na Alemanha.

~

Ainda me lembro do primeiro dia que vi um deles. Foi assustador e ao mesmo tempo fascinante. Eu não conseguia fingir mais, estava prestando toda a minha atenção nela.

Não, não estou falando de atrizes, cantoras ou top models. E eu não estava em um show de rock, nem numa tribo indígena. Era um passeio normal de carro pela cidade. Eu observava as flores da calçada pela janela quando vi uma menina de 15 ou 16 anos com um sorvete na mão. Ela tinha o cabelo rosa com uma mecha azul, calças coladas e botas enormes. O rosto garimpado por piercings que iam da testa ao queixo, de uma orelha a outra. Olhos maquiados com lápis preto tão forte, que parecia uma daquelas egípcias dos filmes de múmias no deserto.

Eu posso dizer que, realmente, fiquei com medo. De onde será que ela vinha? Das tribos americanas que pintam o rosto com sangue e fazem sinais com fumaça, como eu tinha visto num documentário? De um filme de terror? De outro planeta?

Minha mãe percebeu meu pânico (ela sempre percebe tudo!) e disse que aqui, os jovens são assim mesmo. Tem gente que é bem normalzinha, sem maquiagem ou cabelo colorido, mas tem gente que quer variar, provar que é diferente. E essa é a forma que eles acharam para chamar a atenção.

A explicação me acalmou um pouco. Mas fiquei olhando pra ela até o meu padrastro fazer a curva. Com o tempo eu fui encontrando outros assim, e me acostumei. A aparência pode assustar, mas os alemães são tão gentis com a gente, que o medo logo passa.
Num dia desses, eu tinha esquecido meu relógio, e devia estar atrasada pra aula. Eu estava esperando o Strassenbahn que ia me levar até perto da escola. Só havia uma mulher com cabelo super curto e rosa, ao lado de um garotinho que devia ser filho dela no ponto. Eu, ainda meio cautelosa, perguntei as horas pra ela.
A mulher respondeu bem rápido e eu não entendi direito. Vendo que eu não sacava nada do que ela dizia, a moça sorriu e me explicou devagar e bem claramente as horas, o tempo até o mini-trem chegar, perguntou se eu estava com muito frio e se eu achava que o tempo iria abrir. O garotinho que segurava a mão dela sorria pra mim e me deu uma das balinhas que ele tinha no bolso. Existe forma mais bonita (e doce) de educação?

Esses alemães...às eles vezes me surpreendem sabe?

terça-feira, 1 de julho de 2008

NEOQUAV

Oi gente! Olha só: esse texto aqui em baixo não é meu, mas eu achei tão lindo que quis dividir com vocês!

Meus avós já estavam casados há mais de cinqüenta anos e continuavam
jogando um jogo que haviam iniciado quando começaram a namorar.
A regra do jogo era que um tinha que escrever a palavra "NEOQEAV" num lugar
inesperado para o outro encontrar e assim quem a encontrasse deveria
escrevê-la em outro lugar e assim sucessivamente.
Eles se revezavam deixando "NEOQEAV" escrita por toda a casa, e assim que
um a encontrava era sua vez de escondê-la em outro local para o outro achar.
Eles escreviam "NEOQEAV" com os dedos no açúcar dentro do açucareiro ou no
pote de farinha para que o próximo que fosse cozinhar a achasse.
Escreviam na janela embaçada pelo sereno que dava para o pátio onde minha
avó nos dava pudim que ela fazia com tanto carinho.
"NEOQEAV" era escrita no vapor deixado no espelho depois de um banho
quente, onde a palavra iria reaparecer depois do próximo banho.
Uma vez, minha avó até desenrolou um rolo inteiro de papel higiênico para
deixar "NEOQEAV" na última folha e enrolou tudo de novo.
Não havia limites para onde "NEOQEAV" pudesse surgir.
Pedacinhos de papel com "NEOQEAV" rabiscado apareciam grudados no volante
do carro que eles dividiam.
Os bilhetes eram enfiados dentro dos sapatos e deixados debaixo dos
travesseiros.
"NEOQEAV" era escrita com os dedos na poeira sobre as prateleiras e nas
cinzas da lareira.
Esta misteriosa palavra tanto fazia parte da casa de meus avós quanto da
mobília.
Levou bastante tempo para eu passar a entender e gostar completamente deste
jogo que eles jogavam.
Meu ceticismo nunca me deixou acreditar em um único e verdadeiro amor, que
possa ser realmente puro e duradouro.
Porém, eu nunca duvidei do amor entre meus avós.
Este amor era profundo.
Era mais do que um jogo de diversão, era um modo de vida.
Seu relacionamento era baseado em devoção e uma afeição apaixonada, igual
as quais nem todo mundo tem a sorte de experimentar.
O vovô e a vovó ficavam de mãos dadas sempre que podiam.
Roubavam beijos um do outro sempre que se batiam um contra outro naquela
cozinha tão pequena.
Eles conseguiam terminar a frase incompleta do outro e todo dia resolviam
juntos as palavras cruzadas do jornal.
Minha avó cochichava para mim dizendo o quanto meu avô era bonito, como ele
havia se tornado um velho bonito e charmoso.
Ela se gabava de dizer que sabia como pegar os namorados mais bonitos.
Antes de cada refeição eles davam graças a Deus e bênçãos aos presentes por
sermos uma família maravilhosa, para continuarmos sempre unidos e com boa
sorte.
Mas uma nuvem escura surgiu na vida de meus avós: minha avó tinha câncer de
mama.
A doença tinha primeiro aparecido dez anos antes.
Como sempre, vovô estava com ela a cada momento.
Ele a confortava no quarto amarelo deles, que ele havia pintado dessa cor
para que ela ficasse sempre rodeada da luz do sol, mesmo quando ela não
tivesse forças para sair.
O câncer agora estava de novo atacando seu corpo.
Com a ajuda de uma bengala e a mão firme do meu avô, eles iam à igreja toda
manhã.
E minha avó foi ficando cada vez mais fraca, até que, finalmente, ela não
mais podia sair de casa.
Por algum tempo, meu avô resolveu ir à igreja sozinho, orando a Deus para
zelar por sua esposa.
Então, o que todos nós temíamos aconteceu.
Vovó partiu.
"NEOQEAV" foi gravada em amarelo nas fitas cor-de-rosa dos buquês de flores
do funeral da vovó.
Quando os amigos começaram a ir embora, minhas tias, tios, primos e outras
pessoas da família se juntaram e ficaram ao redor da vovó pela última vez.
Vovô ficou bem junto do caixão da vovó e, num suspiro bem profundo,começou a
cantar para ela.
Através de suas lágrimas e pesar, a música surgiu como uma canção de ninar
que vinha bem de dentro de seu ser.
Me sentindo muito triste, nunca vou me esquecer daquele momento.
Porque eu sabia que mesmo sem ainda poder entender completamente a
profundeza daquele amor, eu tinha tido o privilégio de testemunhar a beleza
sem igual que aquilo representava.
Aposto que a esta altura você deve estar se perguntando: "Mas o que NEOQEAV
significa?".
Não está?



"NEOQEAV" = Nunca Esqueça O Quanto Eu Amo Você



História linda, né?