sábado, 5 de dezembro de 2009

Afundando

Já que meu irmão vive aprontando, sempre pensei que minha mãe me visse como "a filha perfeita". Eu tinha a impressão de que ela ficava mais decepcionada comigo quando eu fazia alguma coisa errada. Acho que é um complexo de irmã mais velha.

Bem, eu falei isso pra ela, e ela disse que eu estava enganada, ela conhece os meus defeitos muito bem.
Isso me acalmou bastante.
Quando falamos sobre o meu futuro, ela disse que não se importa com o que eu escolher, contando que eu possa provar que estou feliz (e que não seja nada que a faça passar vergonha como ladra ou prostituta).
Fiquei contente com isso.

Mas, até agora, com os meus 15 anos e meio, ainda não sei o que serei. É muito mais fácil dizer o que eu não gosto!
Nada que envolva matemática, biologia, esporte, leis, religião, mecânica, tecnologia, animais ou moda. Mas se eu riscar todas essas opções, o que me resta?!

Sabe como eu gosto mesmo de me imaginar, assim, com os 20 anos?
Morando numa pensão numa pequena cidade numa ilha perto do Equador, indo fazer compras num mercado livre de bicicleta, mergulhando no mar, escrevendo romances, me alimentando apenas de peixe e frutas, trabalhando aqui e ali como garconete ou babá, sem ter que me preocupar com os problemas do mundo, ouvindo música no último volume, viajando de carona, vendo o mundo através de óculos cor-de-rosa. E só.



Não sou ambiciosa. Não que trabalhar oito horas por dia trancada num escritório. Não quero ter pressa. Não quero um marido rico. Não quero viver no mundo artificial da moda. Não quero nada disso!
Sei que estou agindo como uma criança birrenta, mas é assim mesmo que me sinto.

Aliás, por que temos que passar a vida inteira estudando, trabalhando, limpando a casa, cozinhando, comprando, reclamando? Será que esse é o sentido da nossa existência?
E não venham me dizer que "no mundo de hoje" tudo é assim e assado! Não suporto ouvir isso! O mundo de ontem também não era fácil! Também não me falem de velhos tempos! Nada de passado, presente ou futuro!

O que está em movimento permanece em movimento, eu sei. Não há motivo pra pensar que jogarei no lixo tudo o que tenho. Eu sei dar valor às coisas também. Sei o quanto meus antepassados lutaram pra me dar tudo o que tenho.
Só não quero ter que lutar tanto assim quando minha vez chegar. Acho que tenho medo de crescer.

Tô sabendo, sou exatamente como uma criança birrenta e preguiçosa que tapa os ouvidos e fecha os olhos. E a criança já tem quinze anos e não devia tentar fugir da realidade.






Ah, a vida é muito complicada.

2 comentários:

Carla Rosso disse...

Ando me perguntando a mesma coisa.
A vida adulta é tão chata, cansativa e superficial :S

Queria mesmo era poder ter seus 15 anos e ainda achar que tudo por ser desse jeitinho que você descreveu. O problema é que querendo ou não as obrigações vem e a gente não pode descartá-las,pois seríamos negligentes com a gente mesmo.
Mesmo assim acho que os sonhos existem para serem realizados...Não sei se você conseguirá sobreviver com essa sua vontade por muito tempo, mas por umt empinho dá sim!
Só não arruma namorado! hahaha

Caso você faça uma faculdade, dou a minha opinião...Acho que você combina com Letras. :D

Carol Juvenil disse...

Eu cheguei aqui na vida adulta e vi tudo tão feio, Laurinha. É bom estar aqui, mas não é bom ver aqui.

Acho que dá para manter seus sonhos, sim. Até porque apesar de ter caído na realidade, não desisti totalmente dos meus.

Faça Letras [2]

Twittei uma parte do seu texto :D